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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Precisamos ser sempre mulher-polvo?




A identidade múltipla da mulher, dar conta de mil afazeres linda e absolutamente plena parece ter virado uma prisão que nós precisamos nos libertar. 
A primeira vez que percebi isso foi com a maternidade, quando tinha que resolver muitos processos e mudanças ao mesmo tempo e ainda assim ser profissional, amamentar, ser linda e arrumada.  Contudo, ainda assim continuei a batalha de ser mil e uma e ainda assim ser plena e impecável - na medida da minha possibilidade. 
A segunda vez que refleti a anormalidade que é ser mulher-polvo foi quando fiquei doente e no meio de toda a turbulência e fragilidade ainda assim querer dar conta de tudo que eu sempre achei que eu deveria ser - bela, magra, inteligente, malhada, boa companheira, amiga impecável, profissional dedicada, etc e tal.
Fui à psicologa e ela me disse: vc sempre quis ser perfeita, sempre quis ter as coisas no seu controle, vc não acha que é hora de se libertar? 
Pois foi ai que a cura veio, primeiro de aceitar, segundo de dizer não a necessidade de ser uma mulher que faz tudo e não se cansa. Que faz tudo para SER. 
Ser sem precisar fazer mil tarefas é um aprendizado para todas nós que tivermos que ser super heroínas para lutar contra o machismo e a sociedade patriarcal. 
Agora chegou a hora de ser mulher que faz uma coisa de cada vez,  bem tranquila e bem feito. Não me peça para fazer mil coisas ao mesmo tempo! Não sou uma mulher-polvo. Não mais.






I LOVE THIS WOMAN: 



Eu preciso desse livro agora!
https://www.instagram.com/p/B3wohCbneyL/?utm_source=ig_embed

Mulheres que entram ou estão na casa dos 40/50 e continuam com a cabeça erguida, se achando belas, apesar do colágeno que se foi...cara, eu aplaudo. 
Estou na mesma situação e tento todos os dias erguer minha cabeça. 
Eu já amei o primeiro livro da Caroline de Magret, esse segundo então....
deve ser FODA!


Quando alguém querida se vai, leva com ela tudo o que você gostava na pessoa: carinho, bondade, generosidade, suas palavras.
Quando alguém se vai e deixa saudades, deixa para quem ficou a necessidade de transmitir a si mesmo e ao mundo o que não poderá mais dar. 
Hoje eu perdi uma pessoa que me dava carinho, palavras de amor, esperança, bondade, comidinhas gostosas. Agora é comigo dar isso para mim e para quem ao meu lado estiver. Obrigada, tia.

sábado, 5 de outubro de 2019

Amizades são formas de sermos outras e darmos o melhor de nós. 
Amizade é ser sem esperar.
Amizade é querer estar por gostar.
Amizade é compartilhar.
Amizade é perdoar - principalmente.
Amizade é reconhecer a beleza do outro e festejar.





Tirei essas fotos em momentos bem diferentes da minha vida: a terceira foto de cima para baixo estava sem filhos em Roma, vivendo minha vida individualista e livre. 
A primeira e a ultima foram em um momento em que estava tentando me redescobrir depois da maternidade e todas as mudanças que ela traz.
A segunda foi aquele momento de aceitação no dia a dia em que encontrei a paz num raio de sol da manhã, quando resolvi apenas viver.

PARA QUEM AMA ARQUITETURA DIARIAMENTE:

https://www.archdaily.com.br/br?ad_name=top-logo

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

assistam:
Privacidade Hackeada
O filme Privacidade Hackeada – Netflix (2019) discorre como a exposição nas redes sociais tem afetado pessoas, governos e a própria democracia, discute também sobre o direito aos dados ser reconhecido como um direito fundamental, uma nova geração de direitos humanos. O filme questiona as estratégias de persuasão usadas por empresas para beneficiar candidatos que compram exposição nas grandes plataformas sociais e buscam estratégias para derrotar seus opositores, a partir de informações falsas e manipuladas, outra estratégia utilizada é a manipulação de eleitores a partir da criação de mensagens persuasivas – uma forma de experimento psicológico imoral. Com isso, grupos de extrema direita e candidatos sem expressão têm ganhado as eleições em todo o mundo. Basta perceber que Bolsonaro nem sequer participou dos debates, apenas aproveitou-se de Fake Newsdo candidato da oposição e de seu partido a fim de derrotá-lo de forma arbitrária. Tudo isso, leva a necessidade de novas leis eleitorais. Caso contrário, como ter uma eleição justa e livre? A tecnologia está transformando seus usuários em servos do autoritarismo? São perguntas lançadas pelo filme e que merecem debate. 
Além dessas perguntas, dá para viver sem self, sem stories, sem visualizações (suas e dos outros), sem exposição imaginária constante como forma de existir? 
Posso falar por mim, tá difícil e vejo muita gente próxima na mesma situação. Ficar no nosso individualismo e na contemplação alheia mudará nossa situação atual - de um mundo caótico neoliberal e neoconservador? Como começar a mudar? Agradeço reflexões. 


domingo, 29 de setembro de 2019

a difícil retomada

depois de tantos anos...
em um mundo em retrocesso, de excessos, onde as imagens falam mais do que as palavras, escrever o que?
em um momento de poucos sonhos e muito aqui e agora para aguentar as mazelas do dia a dia, conversar o que?
em um cenário de neoconservadorismo, neoliberalismo, do ser humano descartável (somente a maioria), pensar o que?
Gostaria de respostas. 
quem puder, se manifeste aqui. beijos

segunda-feira, 16 de março de 2015

As Amizades se esvaem na guerra das opiniões opostas. Pergunto: não são as divergências que trazem riqueza e diversidade à vida? Parece que não mais. O desejo de ter razão prevalece. E no mundo de iguais os opostos se repelem. Amizades se vão e contratos de lealdade e respeito ao próximo terminam no lixo. Exemplificando: depois de uma disputa política acirrada não deveríamos seguir sendo uma nação? Parece que a luta continua. Numa guerra silênciosa de poucas amizades e muito rancor. 
Procuro amizades sinceras com meus opostos e também com meus iguais.  
Alguém disposto? Infelizmente, cada vez mais, eu vejo que não. Caminhamos para um mundo cada vez mais individualista e sectarista? 
Se alguém ler isso, por favor: diga que não!   

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

As Amizades se esvaem na guerra das opiniões opostas. Pergunto: não são as divergências que trazem riqueza e diversidade à vida? Parece que não mais. O desejo de ter razão prevalece. E no mundo de iguais os opostos se repelem. Amizades se vão e contratos de lealdade e respeito ao próximo terminam no lixo. Exemplificando: depois de uma disputa política acirrada não deveríamos seguir sendo uma nação? Parece que a luta continua. Numa guerra silênciosa de poucas amizades e muito rancor. 
Procuro amizades sinceras com meus opostos e também com meus iguais.  
Alguém disposto? Infelizmente, cada vez mais, eu vejo que não. Caminhamos para um mundo cada vez mais individualista e sectarista? 
Se alguém ler isso, por favor: diga que não!   

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Nina

Muitos meses se passaram. Não tenho um motivo para voltar a escrever.
Enquanto isso, tenho apenas algo para falar, o motivo de querer ser o melhor que eu posso, hoje e sempre. Minha Nina, linda e feliz!
Um filho é isso, um motivo para renascer. Uma nova chance, uma nova alegria, uma nova perspectiva, um novo e definitivo caminho.
Minha filha me ensinou o que é amor verdadeiro. É a luz que me guia enquanto ensino os seus passos. Estarei presente, sempre ao seu lado.


 

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Introdução: 

Em um mundo com tanta falta de generosidade e gentileza vi uma frase que gostei:
“Eu não preciso de ninguém que não queira estar comigo.”



 
 

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Um ano novo onde tudo se inicia.
Quero que seja como nascer de novo...
Uma nova chance. 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

longe do Natal

sem presentes, sem parentes, sem luzinhas, nem bolinhas.
sentimentos bons sim, saudades sim, vontade sim, desejos sim, amizades sim, verdade sim.
beijos e feliz natal as que passaram por aqui.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

"Família, o meu maior patrimônio"

Li isso ontem no aeroporto na camiseta de um rapaz acompanhado da mãe idosa toda sorridente ao seu lado. Pareciam felizes.
Gostei.
Família faz falta quando ausente
Família as vezes atrapalha quando muito presente.
Família é parte de nós ou pela negação ou pela identificação.
Família nâo tem formato é feita de várias linhas, redes que se tecem ao longo da vida.
Família é aquela que cria.
Família é quem abriga nossos sonhos e dificuldades.
Família nâo é só a de sangue.
Família é quem escolhemos para amar.
Famílias são várias em nossa vida: tradicional, multifatorial, excêntrica, desajustada, legal, estrutural, esquisita, composta de várias linhas....são todas famílias.

Obs: acabei de ver a data. Dia 12 de dezembro, dia do aniversário da minha mãe. Ela morreu quando eu tinha 4 anos e ela nem 30 tinha.... Mãe tão real e ao mesmo tempo tão imaginária....Ela viveu durante 4 anos na minha vida mais 9 meses que eu vivi em sua barriga...Hoje eu já com 40 anos vivi mais do que ela.... Só tenho a agradecer. beijos

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Viver é o exercício diário da coragem...

Pois, não existe segurança alguma em estar vivo.
Além disso, construimos casas, guardamos dinheiro, fazemos filhos, tecemos relações, esperamos sonhos...
Tudo como forma de espantar o medo, mas ele só está escondido,cresce a cada dia... não morre, nem desaparece.  
Alguns pensam não tê-lo, outros sintetizam seu medo em algo (medo de avião, medo de ficar só, medo de altura, medo de ter filhos,autodestruiçao como forma de enfrentar o medo).
O medo é de viver ou de morrer? Há cura para isso?
Eu tento descobrir.Viver é o exercício diário da coragem.

domingo, 20 de novembro de 2011

Cora Coralina

Um repórter perguntou à Cora Coralina o que é viver bem.
Ela lhe ...disse:

Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo pra você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.
É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.

Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga pra você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada.

Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha, não. Você acha que eu sou?

Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos.
Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.

Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.

O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança.

Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.

Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.

(Cora Coralina)

fragmentos selecionados da entrevista com Mirian Goldenberg para TPM

"Em 2008 você lançou o livro Coroas e já escreveu sobre a vontade de fazer um movimento ou um programa de TV com esse nome, que seria uma bandeira. Sente-se velha?

Não é uma questão de sentimento. No Brasil, a partir dos 30 e poucos anos, você é rotulada, já é etiquetada de velha. Quando fiz 40, fui num dermatologista que falou: “Vamos puxar aqui, esticar ali”. Fiquei em crise um ano. Mas decidi não fazer nenhuma interferência e foi ótimo. Nunca fiz nem peeling. E desde lá minha vida só melhorou. Na Alemanha, eu não seria velha. Mas aqui tem a etiqueta. Somos muito acostumadas com o olhar dos homens. Quando chega aos 40, eles não olham mais. Tenho 54 anos, e eles estão olhando para as meninas de 25. É óbvio que você sente uma invisibilidade que não deseja sentir, não foi isso que aprendeu. Mas prefiro assumir essa etiqueta e brincar com ela.
"No Brasil, a partir dos 30 e poucos anos, você é rotulada, já é etiquetada de velha. Quando fiz 40, fui num dermatologista que falou: “Vamos puxar aqui, esticar ali”. Fiquei em crise um ano."
O que piora e melhora com a idade?

Quero falar o que é diferente. A grande diferença é que coloco cada vez mais o foco em mim, nas minhas vontades. É a grande revolução da minha vida. Nos últimos quatro anos, aprendi a dizer não. Não gosto de festa, então era difícil quando dizia sim para todos os convites que recebia para lançamentos de livros, palestras... Me sentia culpada. Pensava: “Ninguém vai me chamar mais para nada. Se começar a dizer não, vão deixar de gostar de mim”. Mas não aconteceu isso. As pessoas entendem porque, de alguma forma, também estão tentando corresponder à demanda. Com o tempo, fiquei mais segura. Tenho mais coragem de dizer e escrever o que penso sem medo da opinião dos outros, da censura. Quanto ao corpo, tenho o mesmo peso desde os 20 e poucos anos e aprendi a olhar mais o conjunto da obra do que o detalhe. Me reconheço no espelho. E quero ser cada vez mais eu mesma.

O que é ser você mesma?

É usar as roupas de que gosto e não as que os outros estão esperando que eu use. É gostar do meu nariz, mesmo que ele não seja minúsculo e perfeitinho. Tenho carinho por quem me tornei. Mas meu ideal é dialético: é a junção de duas mulheres que fazem parte da minha história, que me inspiram muito. Queria ter uma junção da liberdade da Simone de Beauvoir com a felicidade da Leila Diniz. Mas já sei que só posso ser inteira a Mirian Goldenberg."

Eu selecionei esse Presentinho: matéria da TPM novembro para os amigos(as) que visitam meu blog

Substantivo próprio

Coragem vem do latim cuor agire, agir com o coração. Quer definição mais linda?
Substantivo próprio, sílaba tônica, advérbio de lugar, mesóclise. Se o mecânico do meu carro usasse um desses termos em meio a outros como ventoinha do carburador, eu jamais saberia se estava falando português ou se usava aquela estranha língua machista que nos humilha a cada bateria descarregada. A gramática é a necropsia da palavra.

Não ouvia nada disso havia muito tempo, mas fui forçada a um flashback por conta de uma prova que meu filho fez para mudar de escola. Mãe é mãe. Mas como explicar a um garoto de 8 anos que estuda em uma escola construtivista que para o novo colégio é importantíssimo saber a classificação silábica das palavras?

Co-ra-gem. Sim, filho, coragem é uma trissílaba. Não parece, mas é. Talvez, filho, se sua mãe fosse fera em sílaba tônica, fôssemos todos mais inteligentes e importantes. Não consegui convencê-lo, nem a mim, mas estudamos como funcionários aplicados. Corta.

Escrevo esta coluna vestida de hebreia dentro de um estúdio gelado, respirando areia e fumaça para parecer que estamos no deserto e diante do palácio do rei Davi. Estamos mil anos antes de Cristo, numa novela da emissora em que trabalho. Nunca pensei em ser atriz e confesso que ainda hoje não sei se é esse o meu futuro, mas sempre soube que não seria um ser das exatas. E só de pensar que um dia voltarei a encarar uma fração sinto um arrepio na espinha. Raiz quadrada, então, me dava tanto medo quanto o que sinto hoje ao passar na imigração americana.

Lembro pouco de tudo o que aprendi no colégio. Mas guardo firme na memória as pessoas que conheci. E acho que a transmissão de valores importa mais do que a colocação no Enem.
Coragem é mais do que um substantivo comum e trissílabo. Coragem vem do latim cuor agire, agir com o coração. Quer definição mais linda para valente do que ser movido pelos sentimentos? Mas origem etimológica não cai no Enem. Não é importante. Embora, pra mim, a informação acima tenha sido de grande serventia num momento difícil em que achava que ser forte era usar somente a cabeça.

Fundamental para a vida é decorar tabela periódica! Quantas vezes estava angustiada e lembrei que hidrogênio só tem um próton, o que me deu imensa paz e conforto! Sem falar na Revolta dos Farrapos, que muito me inspirou em conflitos domésticos com meu digníssimo esposo. E os diferentes tipos de solo? Mais útil que chaveiro suíço.

Pra não ir muito longe: por que o currículo escolar brasileiro não inclui espanhol? A gente junta aquela graninha pra ir a Buenos Aires, que é pertinho, anda pelas ruas no frio como se estivesse em Paris e na hora de pedir um churros não sabe nem por onde começar...

Palavras adultas

É melhor parar por aqui, pois essa lista é mais extensa do que os livros não lidos da minha estante. Educação moral e cívica, religião, geometria, química, mecânica, biologia, nada disso sobreviveu à minha vida adulta, minha cultura de ensino fundamental é tão parca quanto meus conhecimentos sobre drinks.

Mas não me arrisco aqui a confrontar ninguém. O ministro da Educação deve saber o que faz, e é claro que devo usar muito mais do que imagino tudo o que aprendi sobre reprodução assexuada. Mas me doeu ser a primeira a ensinar ao meu pequeno que as palavras não são somente palavras, que elas têm várias obrigações a cumprir. São adultas, coitadas.

Como nós, que aos poucos vamos aceitando que o tempo passa sem misericórdia e que somos fracos e vulneráveis.

Vulneráveis: polissílaba. Adjetivo. À mercê.


Maria Ribeiro, 36 anos, é atriz e diretora do documentário Domingos, sobre o diretor de teatro e de cinema Domingos Oliveira. Atuou em Tropa de elite, em 2007, e em Tropa de elite 2, em 2010. Seu e-mail: ribeirom@globo.com

sábado, 12 de novembro de 2011

Para quem quer viver um grande amor!

Para Viver um Grande Amor


É preciso abrir todas as portas que fecham o coração.
Quebrar barreiras construídas ao longo do tempo,
Por amores do passado que foram em vão
É preciso muita renúncia em ser e mudança no pensar.
É preciso não esquecer que ninguém vem perfeito para nós!
É preciso ver o outro com os olhos da alma e se deixar cativar!
É preciso renunciar ao que não agrada ao seu amor...
Para que se moldem um ao outro como se molda uma escultura,
Aparando as arestas que podem machucar.
É como lapidar um diamante bruto...para fazê-lo brilhar!
E quando decidir que chegou a sua hora de amar,
Lembre-se que é preciso haver identificação de almas!
De gostos, de gestos, de pele...
No modo de sentir e de pensar!
É preciso ver a luz iluminar a aura,
Dando uma chance para que o amor te encontre
Na suavidade morna de uma noite calma...
É preciso se entregar de corpo e alma!
É preciso ter dentro do coração um sonho
Que se acalenta no desejo de: amar e ser amada!
É preciso conhecer no outro o ser tão procurado!
É preciso conquistar e se deixar seduzir...
Entrar no jogo da sedução e deixar fluir!
Amar com emoção para se saber sentir
A sensação do momento em que o amor te devora!
E quando você estiver vivendo no clímax dessa paixão,
Que sinta que essa foi a melhor de suas escolhas!
Que foi seu grande desafio... e o passo mais acertado
De todos os caminhos de sua vida trilhados!
Mas se assim não for...
Que nunca te arrependas pelo amor dado!
Faz parte da vida arriscar-se por um sonho...
Porque se não fosse assim, nunca teríamos sonhado!
Mas, antes de tudo, que você saiba que tem aliado.
Ele se chama TEMPO... seu melhor amigo.
Só ele pode dar todas as certezas do amanhã...
A certeza que... realmente você amou.
A certeza que... realmente você foi amada."
Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

2011

Quando converso sobre 2011 não é dificil alguém dizer....Que ano difícil.... Eu eu concordo!
Muitas mudanças, muitas experiências tempestivas, perdas significativas de pessoas queridas, terminos e recomeços...
Agora, bem no finalzinho do ano....uma sensação de alívio se aproxima e uma surpresa inesperada surge, dentre elas, o reencontro com colegas de infância e adolescência...troca de histórias de vida...Nessas leituras eu descobri que uma menina que estudou comigo no ensino fundamental já é avó!!!!!! Assusta mas também leva a refletir o quanto as pessoas traçam caminhos diferentes ao longo da vida.
Reencontrei a  minha melhor amiga de infância... e tantas outras pessoas queridas!Casadas, recasadas, com filhos, netos????!!!!Um
amigo de infância me disse em um e-mail:"Juliana trabalhando na área social, sua cara!!!!"
Não sabia que no ensino fundamental já expressava meu interesse pelos outros. Também disse que eu era muito intensa com meus sentimentos...achei bacana....não lembrava disso ... será que vem desde a infância essa intensidade que luto domá-la até hoje?

Isso que fez pensar...anos de terapia para que???? Para mudar o que se é?

Algumas dessas pessoas são avós aos 40, eu entrando na idade adulta aos 40, outras pais e mães de família, outras  experimentando o primeiro divórcio....

Na faculdade eu fui a primeira a casar e a primeira a separar... Depois disso, muito coisa aconteceu...

De qualquer forma, viver é uma arte...a arte de simplificar - fácil para alguns e dificil para outros...

Hoje tive um insight...talvez muitos cachorros, casa para arrumar, filhos para cuidar e trabalho para fazer traga  mais simplicidade a vida.

Uma grande amiga, super profissional, ultra competente, mãe exemplar  me disse: "MInha vida aqui está corrida sim, como vc falou família, cachorros, filhos, chácara etc...mas cada vez tenho pensado o quanto tudo isso vale mais do que qualquer trabalho, qualquer viagem, qualquer momento."
 
Ser existencial demais acaba sendo como se embaraçar em um novelo de lã imaginário - uma perda de tempo e de vida.

Quero a simplicidade.

Também ouvida mesma amiga: "tente deixar a água ferver antes de desligar o fogo com medo dela derramar".Vou ter que pensar.

Também aconteceu o reencontro tão carinhoso com a Maryyyy....amiga de muitos anos...conheci sua casa, família...tudo muito bom. Acolhedor.

Foi exatamente esses novos encontros que transformaram 2011 em um ano memorável.


2011...Algo de bom acontece e acolhe, como um nascer de sol inesperado..trazendo de volta histórias, amizades verdadeiras, abraços esquecidos, novos encontros...aliás, encontros devem ser sempre novos cada reencontro é um novo e misterioso encontro.

A cada encontro abre-se a possibilidade de um reencontro consigo mesmo.



quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dia de finados

Será que o ser humano precisa de ter um dia para lembrar dos seus mortos ou o dia de finados é um dia para esquecê-los?
Pois eu lembro todos os dias da minha avó, do meu avô, da minha tia...da minha vozinha Hadige que a pouco se foi...não preciso de data para lembrar dessas pessoas mortas, pois elas estão bem vivas dentro de mim, vivas...suas melhores partes, lembranças, conselhos, olhares, carinhos, presentes, comidinhas...
Hoje então, peço perdão, vou esquecê-los um pouco....nada de cemitérios, flores, tristeza...não compartilho desse dia. Talvez eu almoce a comida preferida do meu avô José, dou uma risada pensando na minha avó Nilza, faça uma piada lembrando da vó Hadige, vista um presente que tia Edith me deu....
Viva todos que já foram e que suas vidas foram tão belas que deixaram saudades.




quarta-feira, 26 de outubro de 2011

REVISTA B

Artigo: http://www.revistab.com.br/index.php/2011/07/enfim-democracia/ 

A capa da Vogue Italia de junho deste ano estampou modelos plus size em foto do ensaio Belas de verdade.
A ideia é uma moda para gordinhas sem tentar disfarçar as curvas e os excessos. Há uma preocupação em transferir modernidade e estilo para um público que há muito andava defasado e descontente.
Muitas pessoas que antes se torturavam com os quilos a mais agora enxergam nas passarelas oportunidades para uma carreira de modelo, algo antes impensável.
Camisetas, calças, vestidos curtos, vestidos de noivas, nenhuma modelagem tem a preocupação de esconder ou disfarçar as gordurinhas.
Por enquanto, continuamos torcendo para que a moda siga crescendo, sempre em direção a caminhos cada vez mais democráticos.

AMÉM!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

EU QUERO SER ALGUÉM COM QUEM SE POSSA CONTAR!

Ela: Se eu ficar feia?
Ele: Eu fico míope.
Ela: Se eu ficar triste?
Ele: Eu viro...... um palhaço.
Ela: Se eu ficar gorda?
... Ele: Eu quebro o espelho.
Ela: Se eu ficar velha?
Ele: Eu fico velho junto.
Ela: Se eu ficar rouca?
Ele: Eu fico surdo.
Ela: Se eu ficar chata?
Ele: Eu te faço cócegas.

"O importante na vida é ter com quem contar!"

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Demasiado Humano....Esperanças Teimosas por Silvia Badim

Esperanças teimosas

 por Silvia Badim

Talvez todas as esperanças sejam, de fato, um tanto teimosas. Mas algumas se destacam, e se acoplam em nós como suspiros inevitáveis, teimosas feito o diabo. Chegam a ser quase insuportáveis, de tão ingenuamente esperançosas. Teimosias abestadas de quem quer viver o que não se vive, e acho que você pode entender a que me refiro. Mesmo correndo o risco de parecer surtada demais, explico-me. Afinal, esse rótulo não mais me assusta. Surtemos.

A gente respira e suspira e de repente quer viver de novo o impossível. O peito enche daquela vontade de se afundar na cegueira e não ver mais nada, de mergulhar na ignorância boa de não entender e poder inventar tudo de novo. Mesmo nos casos terminais onde não tem jeito, quando a gente tenta e tenta e espreme e a coisa não sai, a gente acredita. A gente acredita no absurdo, consciente do querer estéril sem útero nem óvulo nem nada. Seco e esturricado como a terra rachada do sol do meio dia no cerrado. Nada nasce ali. É uma estupidez, pois é, você me entende. Mas a gente continua acreditando, e tentando, com uma teimosia infernal que não esfria.

É triste e bonito, como olhar o menino que quer o doce da padaria e sonha com aquelas mastigadas maravilhosas de dentes cheios de açúcar. O menino olha encantado o maior dos prazeres do seu mundo oral, o gozo profundo do chocolate derretido por entre os dedos, da língua feliz por entre os restos de doce de leite no canto da boca. Mas a mãe diz não. Não? É, não. O doce olha para o menino açucarado de chocolate e doce de leite de doer o dente. As vontades saltam pelos olhos. A mãe o puxa, arrastando o não pelos tantos quarteirões que parecem desertos de espera, com o choro da criança a ensurdecer os arredores. Choro que vem da negação do que tanto se espera, profundamente. O não impossível do desejo da infância.

A gente tem que digerir o não, mas ele é refluxo preso na garganta. E o choro é sentido como o da criança sem doce de domingo. A gente quer o doce até não poder mais. A gente quer as salivas impregnadas do gozo impossível. O prazer arraigado do desejo pueril que se realiza pleno, em versos e prosas, em toques e noites ardentes a perderem-se de vista. É tudo em vão, agente sabe, mas a esperança teimosa tem vida longa. Quase zumbi, ela renasce. E então a gente sai correndo em busca do desejo, seja como for, com a auto-estima afiada e um tanto de fé estocada na bagagem. 


Seja como for - a gente pensa - e cria estratégias criativas e charmosas de aproximação. Muitos e muitos infalíveis e exitosos encontros ao acaso, diálogos ricos, jantares marcados de repente, noites de sutileza e ardência febril - daquelas que agente já viveu um dia. A gente pode, a gente sabe que existe, e que vale a pena o percurso infindo de espinhos pontudos. A gente já esteve lá, acredite, e vale a pena encarar o não, porque sem o não e mais um não, e talvez outro, não há sossego para o desejo latente de doce. Vai que, não é? A gente acredita, a esperança é insuportavelmente teimosa, você sabe.

E eis que chegam os fracassos dos acasos, aquelas ausências mudas e espaços em branco. Então ensaiamos cartas intermináveis, conversas telefônicas, recados na secretária, sms ou qualquer coisa que se faça chegar. Falas articuladas que se perdem e se encontram, saem  e voltam da lixeira umas duzentas vezes, mesmo diante dos argumentos tão convincentes que as jogaram no limbo para sempre. E da última vez a gente tem certeza, enfim, que elas devem permanecer lá para nunca mais, lixo no lixo, sentença sem recurso, irremediavelmente o fim da linha.

Mas de repente, do fundo do buraco negro, de novo aparece ela: a esperança. Brilhante e colorida, com aquela merda toda que aquece por dentro e nos joga para a beira do abismo. Impulso. E é claro que a gente pula. Pela ducentésima quarta vez ressuscitamos o morto-vivo, com argumentos que parecem fazer todo o sentido. Sim, é isso, vamos pular logo porque não temos tempo para papos cansados. Venta frio e a gente sente um pouco de medo. É quando precisamos desesperadamente de uma voz irmã, que nos faça acreditar que existe alguma sanidade no meio disso tudo. Telefone e bate-papo na madrugada com ela, ou aquela, elas, aquelas loucas e interditadas, capazes de entender o que se passa.

As loucas acendem o cigarro, abrem o vinho, comem ávidas o doce - perdidas no espaço mágico onde existe esperança boa de olhos vibrantes. E eis que ela grita, com entusiasmo e vontade de fogo: pelo-amor-de-Deus, manda! Pronto, ficamos mais aquecidas. A gente manda, claro que a gente manda, mesmo sabendo que não deve, mesmo convencidas de que não existe eco, mesmo sabendo que o suicídio é inevitável e a queda é lenta.

Bom, o eco não vem, por óbvio, ou vem meio surdo, aquém daquilo tudo que se espera. Sim, porque no fundo a gente ainda espera, ansiosamente, comendo cigarros com farinha. A gente espera porque a esperança é um inferno de tão teimosa. O que se espera, afinal, eu não saberia dizer, mas não é nada dessas coisas que você certamente imagina. A gente espera o improvável.

Resta então apenas aquele gosto de osso duro machucando os dentes, um gosto ocre de sangue no fundo da mordida. Um gosto de morte e de quero mais. Um desejo de vida renascida. E a gente pensa de novo se não é bom insistir mais um pouco, só mais um pouco, afinal a gente já viu e já provou e sabe que existe. Não? Não, é fato, não dá. Nada vem, a gente sabe, é uma burrice sem fim.  É nova morte despencada e estamos cansadas, sim, a gente também cansa e o corpo dói de tanto calo.  Esquece.

Mas, será? Essa maldita pergunta assombra o pensamento que nem piolho. E de novo, como uma praga devastadora, uma nova prosa começa a se delinear secretamente, um novo impossível vai crescendo em silêncio até ganhar corpo e voltar para o começo do ciclo.

Ai céus! Interditem-me, por favor!
Obs: Silvia Badim, você consegue gritar o mais humano de nós, coloca em palavras o que é difícil traduzir.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

há pouco tempo descobri...

que não sou a única que tenho medo da solidão,

que viver é o maior desafio,
ser feliz é para quem consegue ver além dos olhos,
se amar é algo a ser buscado,
amigos são poucos,
a verdade é rara,
a vida é curta e não podemos ser nada além de nós mesmos.

Simplicidade e aceitação é tudo.









quinta-feira, 13 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Notas do livro "Dá para ser feliz apesar do medo"(Flávio Gikovati)

Tenho sempre buscado evoluir, não é fácil. É um processo longo e árduo, feito de muita dor e reflexão. Acredito que um dia verei o resultado de toda essa busca.
Quero ser um ser humano melhor tanto para mim quanto para as pessoas que estão a minha volta. Esse livro eu comprei buscando respostas e compartilho notas rápidas escolhidas a partir das minhas questões. 
Abraços.

cap 1: A destrutividade se apresenta de diversas formas, todas mais ou menos sutis. Quando um time está ganhando e se acomoda essa está a serviço da destrutividade já que esta pode provocar a virada do jogo. Daí a importancia da plena consientização dos processos destrutivos. A tese é que nossos maiores inimigos estão dentro de nós. Duas tendências antagônicas se apresentam dentro de nós. Freud diria (instinto de vida e de morte).

"Hoje quando me encontro diante de um dilema aparentemente insolúvel, reconheço minhas limitações; elas derivam de eu nao ser capaz de pensar melhor naquele momento. Considero que alguém - ou eu mesmo - em algum momento futuro vai conseguir encontrar a solução  para o problema."

cap 2: dificuldade de conciliação entre amor e liberdade. A concessão cede o seu lugar para o respeito.

cap 3: diferença entre as pessoas: as egoístas, as generosas e a pessoa justa. - equilibra-se entre essas duas tendencias. Sabe lutar e sabe fugir. Sabe abrir mão e sabe reinvidicar.Tem como tarefa conciliar as inquietações que sempre o alcançarão pois como seres complexos teremos sempre que operar com múltiplas variáveis a cada momento. O objetivo é sempre aumentar a cota de bem estar e felicidade à nossa disposição.

cap 4: diferença entre ser feliz e estar feliz
 Feliz é aquele que perde menos tempo com as partes tristes do livro da vida.

cap 5: somos infelizes porque desejamos. O aspecto viciante do desejo que nos impede a concretização dos objetivos da felicidade possível.

cap 6: a busca constante pela homeostase

cap7: o nosso psiquismo está sempre mais preocupado em preservar a memória positiva.

cap 8: "O amor corresponde ao que sentimos por aquela pessoa que nos provoca a sensação de paz e aconchego que atenua a dor do desamparoe nos livra dos desconfortos físicos que o acompanham."

cap 9: O casamento traz aconchego e esse nao nasceu do amor, mas da necessidade de reprodução e perpetuação de cada família. Se a presença do cônjuge  nos traz sensações agradáveis, a sua presença e companhia passa a ser fonte de aconchego e de prazer sexual. A vida mais simples ou melhor, de natureza mais prática e com papeis mais bem definidos era mais favorável a vida conjugal, assim como as expectativas serem menores.  Isso criava condiçoes para que o companheirismo ser maior. Hoje as expectativas muito grande são desfavoráveis aos casais.

 "Precisamos rever e atualizar os nossos conceitos para que tenhamos chance de encontrar a forma contemporânea de ser feliz no amor." 

cap 10: "Estamos aprendendo a domesticar o buraco que sentimos no estômago".

cap 11: "Amor feliz não dá história." Os contos de fada sempre terminam com o final feliz. Não persistem depois disso.

"Se o parceiro amoroso é escolhido de acordo com os mesmos critérios que usamos para escolha de um amigo - confiabilidade, afinidade intelectuais e simpatia por seu modo de ser, seu senso de humor e sua forma de reagir as situaçoes cotidianas - além, é claro, do interesse erótico e da viabilidade de um convivio mais estreito (amigos podem morar a dez mil quilometros de distancia), podemos ter no amado nosso melhor amigo!  
O que não tem sentido é que nosso companheiro sentimental não seja seu amigo.

cap 12: "Somos pessoas felizes quando nada do que é básico nos falta e estamos próximos da condição homeostática. Isso deriva da nossa capacidade de retornar rapidamente a essa condição quando somos alcançados por adversidades de qualquer tipo."
É importante prestar a atençao que a felicidade nem sempre está associada a necessidade de um grande esforço.

cap 13: a sexualidade como gratificação da vaidade.

cap 14:  "Os prazeres momentâneos alcançados por poucoscondenam a humilhação e, portanto, à infelicidade a maior parte da população." 

cap 15 : Como exemplo: satisfação de se exercitar nao em benefício da vaidade, mas do compromisso consigo mesmo.
A auto-estima depende do valor que faço de mim mesmo, a vaidade depende do que os outros pensam de mim. A vaidade busca ser melhor que os outros.

(continua)



  
  



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Para amar é preciso ser grandioso. O amor descama peixe e faz disso um momento de rara poesia.

Há umas semanas atrás fui ver Adélia Prado e chorei ao vê-la chorar.
Centenas de pessoas na platéia a esperar algo, talvez palavras, conhecimentos sobre sua arte...
e ela deu lágrimas, deu saudades de vó e interior, ela deu conversa do tipo "jogada fora", contou causos, se fez de envergonhada, disse de si da forma mais simples e singela: grande lição de vida.
No meio da pós -pós modernidade, da matéria líquida,  da falta de chão, da ausência de afeto ela deu mostrou que o mais obvio é o que está perdido. Chorou e chorei ao recitar essa poesia que para alguns pode significar uma desigualdade de gênero, mas para ela e eu concordo, significa AMAR.
 E, como é difícil Amar. Descamar o peixe em toda a sua crueza transformando a tarefa árdua e fédida em um momento de amor. 


Casamento


Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Vento Livre

Silvia Badim

Não se pode encapsular o amor.

O amor é vento livre, que assola as planícies com sopros desgovernados. Que venta montanhas e cordilheiras em uivos surdos. Que carrega as águas que deslizam fortes pela cachoeira. O amor é vento que nasce pequeno, e sopra sem cessar até que possamos tirar os pés do chão.

Não se pode encapsular o vento. A terra do amor é uma terra sem porto. O amor não se aporta, é navio sem âncora, conto sem ponto. Apenas se compartilha, se dissipa, se perde em si mesmo. Morre e renasce em diferentes formas. Uma, duas, dez, mil formas que enlaçam os corações desavisados.

O amor não cabe em nossas mãos, ele escorrega e alcança os ossos. Adentra a pele, perfura os vasos, e quando chega à medula já é outra coisa. É matéria prima do sangue, primo-irmão das células brancas e vermelhas. Mistura-se entranhado nas veias, e pulsa em diferentes tonalidades até ser expirado em ar quente pelos pulmões. O amor é a expiração que alcança o universo, em diferentes partículas. É o quente e o frio, o ar que volta para dentro para inflar a vida. O que é expelido para alcançar a morte.

Não se pode encapsular o ar. No momento em que tentamos colocá-lo dentro da garrafa, ele já é outra substância. O amor se transmuta fluído, se camufla entre desvarios, corre em passos largos para alcançar o horizonte que não tem endereço.

Não se pode reter o vento. Diante da ventania não há nada que se possa fazer, e então sentamos quietos, com os cabelos soltos e a pele em poros abertos. Com os olhos vidrados e as mãos em prece, para acolher o mistério: o amor pode percorrer o indizível.

E com sua fala sem voz, nos conta segredos que não se fixam na memória. Segredos que nos espantam, e transbordam para além do que podemos lembrar com raciocínio linear. O amor é tesouro que juntamos, peça por peça, em sentimentos acumulados desde as primeiras sensações de nascer em si mesmo. O amor é tesouro de sentir, e não há baú capaz de abrigar a riqueza conquistada. O amor não tem tampa, molde, forma, espaço apertado. O espaço do amor é o espaço do mundo.
Por vezes vem a agonia, e queremos prender o amor em alianças, papéis, regras, pílulas e tantos certos e errados. Ritos que celebram, símbolos que sacramentam, poderes de ditar ordens, remédios para aliviar a dor e evitar ameaças. Crenças de que o amor pode ser fincado no chão de terra, pode ser embalsamado pela casa construída, pode ser tijolo de pedra com cimento em cima. Crença de que o amor se possui, e se dirige.

Mas o amor é teimoso, e sua teimosia corrói as cordas. Vibra eletrizante pelas camadas duras. O amor não tem dogmas. É reino sem lei, com o rei deposto.

O amor pode ser vivido com ou sem presença, com uma, duas, três, quem sabe quantas pessoas. O amor é generoso. Pode ser flor solitária que desabrocha no deserto, ou pode caber justo no espaço da partilha de dois. Pode se esparramar para além do que podemos contar nas mãos, pode transbordar e alcançar os corpos nus ou, quem sabe, pode nunca ser tocado com os lábios.

O amor não tem gênero, não tem idade, não conhece etnias e credos. Não tem rótulos ou caixinhas com etiquetas. O amor não tem nome, sobrenome, família e descendência. E ri a todo tempo das regras inventadas, tão frágeis e comezinhas. Boas risadas que nos surpreendem quando, de repente, o peito sopra e o coração diz em silêncio latente: eu amo.

E a gente ama. Mesmo quando não quer, mesmo quando não pode. Mesmo quando tudo dá errado, quando existe medo, quando as barreiras se erguem tão grandes que não conseguimos ver o céu. A gente ama embaixo da aliança apertada, quando o papel falha, quando a regra diz não. Quando a gente se espanta pelo que não pode e, de repente, de ponta cabeça, sente as artérias grossas carregarem os mais delicados sentimentos.

A gente ama mesmo quando não tem voz para dizer, quando é inviável, quando a distância é tanta que parece sonho. A gente ama quando a vida aperta e corremos para longe do susto. A gente ama mesmo quando foge.

E o amor não tem vaidade exacerbada, não desfila em poses de fotografia. O amor não sai na foto. Esparrama-se pela cor azul e branca do céu, pelo preto e branco que se esvai em tons de cinza, pelo tempo que mancha a lembrança do papel. Pelo vestido que não serve mais, pelo arrepio que percorre a pele embaixo do casaco, pelo escuro dos olhos fechados.

O amor se espalha para ser inventado muitas vezes, para ser descoberto um pouco a cada dia, para adquirir novas e impossíveis formas.

O amor é irmão da liberdade, e qualquer sapato lhe aperta os pés.

Estejamos descalços, enfim.



http://entranhasvermelhas.blogspot.com/2011/09/vento-livre.html?spref=fb

terça-feira, 26 de julho de 2011

DESTRALHE-SE‏...

Texto: Carlos Solano
 
Já ouviu falar em toxinas da casa?
Pois são:
- objetos que você não usa,
- roupas que você não gosta ou não usa a um ano,
- coisas feias,
- coisas quebradas, lascadas ou rachadas
- velhas cartas, bilhetes,
- plantas mortas ou doentes,
- recibos/jornais/revistas, antigos,
- remédios vencidos,
- meias velhas, furadas,
- sapatos estragados...

Ufa, que peso!

O 'destralhamento' é a forma mais rápidas de transformar a vida e
ajuda as outras eventuais terapias.

Com o destralhamento:
- A saúde melhora;
- A criatividade cresce;
- Os relacionamentos se aprimoram...

É comum se sentir:
- cansado,
- deprimido,
- desanimado,
em um ambiente cheio de entulho, pois "existem fios invisíveis que
nos ligam à tudo aquilo que possuímos".

Outros possíveis efeitos do "acúmulo e da bagunça":
- sentir-se desorganizado;
- fracassado;
- limitado;
- aumento de peso;
- apegado ao passado...

No porão e no sótão, as tralhas viram sobrecarga;
Na entrada, restringem o fluxo da vida;
Empilhadas no chão, nos puxam para baixo;
Acima de nós, são dores de cabeça;
“Sob a cama, poluem o sono”.

Perguntinhas úteis na hora de destralhar-se:
Por que estou guardando isso?
Será que tem a ver comigo hoje ?
O que vou sentir ao liberar isto?

...e vá fazendo pilhas separadas...
- Para doar!
- Para jogar fora!
Para destralhar mais:
- livre-se de barulhos,
- das luzes fortes,
- das cores berrantes,
- dos odores químicos,
- dos revestimentos sintéticos...

e também...

- libere mágoas,
- pare de fumar,
- diminua o uso da carne,
- termine projetos inacabados.


"Acumular nos dá a sensação de permanência, apesar de a vida ser
impermanente", diz a sabedoria oriental.

O Ocidente resiste a essa idéia e, assim, perde contato com o sagrado
instante presente.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Salve de novo

CONTARDO CALLIGARIS
É fácil desistir de nossos sonhos 




Dedicamos mais energia à tentativa de silenciar os nossos sonhos do que à tentativa de realizá-los


GIL PENDER, o protagonista do último filme de Woody Allen, "Meia-Noite em Paris", quer deixar de escrever roteiros de sucesso (que ele mesmo acha medíocres) para se dedicar a coisas "mais sérias" e menos lucrativas: um romance, por exemplo. Ele acumulou dinheiro suficiente para tentar essa aventura por um tempo, em Paris, como um escritor americano dos anos 1920.
Infelizmente, Pender está prestes a se casar com uma noiva que aprecia muito seu sucesso atual, mas não tem gosto algum pela incerteza (financeira) de seu sonho. Tudo indica que ele se dobrará às expectativas da noiva, dos futuros sogros e do mundo, renunciando a seu desejo. Talvez seja por causa dessa renúncia, aliás, que noiva e sogros o desprezam (todo o mundo acaba desprezando o desejo de quem despreza seu próprio desejo).
Mas eis que, na noite parisiense, alguns fantasmas do passado levam Pender para a época na qual poderia viver uma vida diferente e mais intensa -a época na qual seria capaz de fazer apostas arriscadas.
A idade de ouro de Pender é a Paris de Hemingway, Fitzgerald, Cole Porter, Picasso etc. Como disse Gertrude Stein (outra protagonista do sonho do herói), eles são a geração perdida, entre uma guerra terrível e outra pior por vir (isso ela não sabia, mas talvez pressentisse). Por que eles fariam a admiração de Pender e a nossa? Hemingway responde quando explica a Pender que, para amar e escrever, é preciso não ter medo da morte. Claro, não ter medo da morte talvez seja pedir muito, mas Pender poderia mesmo se beneficiar com um pouco mais de coragem; se conseguisse decidir sua vida sem medo da noiva e dos sogros, seria um progresso.
Concordo com o que escreveu Marcelo Coelho, em artigo neste mesmo espaço na edição de 22 de junho: uma moral do filme é que "temos só uma vida para viver -a nossa", ou seja, tudo bem sonhar com a idade de ouro, à condição de acordar um dia.
Agora, o que emperra a vida de Pender não é seu sonho nostálgico, é o presente. A nostalgia, aliás, é seu recurso para não se esquecer completamente de seus próprios sonhos. É como se, para preservar seu desejo, ele o situasse numa outra época. Mas preservá-lo de quem?
Antes de mais nada, um conselho. Acontece, às vezes, que nosso sucesso não tenha nada a ver com nossos sonhos -por exemplo, você queria ser promotor de Justiça, mas fez algum dinheiro com a imobiliária de família e aí ficou, renunciando a seu sonho.
Nesses casos, uma precaução: case-se com alguém que ame seu sonho frustrado e não só seu sucesso; sem isso, inelutavelmente, chegará o dia em que você acusará seu casal de ter sido a causa de sua renúncia. Em outras palavras, é possível e, às vezes, necessário renunciar a nossos sonhos, mas é preciso escolher como parceiro alguém que goste desses sonhos e dos jeitos um pouco malucos que usamos para acalentá-los (no caso de Pender, passeios por Paris à meia-noite e na chuva).
Voltemos agora à pergunta: contra quem Pender precisou preservar seu desejo, mandando-o para outra época? Contra a noiva que desconsiderava seus sonhos? Aqui vem outra moral do filme.
Pender não é nenhum caso raro: todos nós, em média, dedicamos mais energia à tentativa de silenciar nossos sonhos do que à tentativa de realizá-los. Muitos dizem que desistiram de sonhos dos quais os pais não gostavam por medo de perder o amor deles. Mas por que Pender recearia perder o amor da noiva, que ele não ama, e dos sogros, que ele ama ainda menos?
O fato é que somos complacentes com as expectativas dos outros (que amamos ou não) à condição que elas nos convidem a desistir de nosso desejo. É isso mesmo, a frase que precede não saiu errada: adoramos nos conformar (ou nos resignar) às expectativas que mais nos afastam de nossos sonhos. Aparentemente, preferimos ser o romancista potencial que foi impedido de mostrar seu talento a ser o romancista que tentou e revelou ao mundo que não tinha talento. Desistindo de nossos sonhos, evitamos fracassar nos projetos que mais nos importam.
Em suma, da próxima vez que você se queixar de que seu casal afasta você de seus sonhos, lembre-se: foi você quem o escolheu.
E mais um conselho: se você encontrar alguém disposto a caminhar na chuva do seu lado, não fuja; molhe-se.